Capitulo 1
- Não! Por favor vó, eu ainda não estou com sono.
- Você nunca fica com sono quando eu conto as histórias do seu avô –
Disse Marin, passando a mão na cabeça do neto.
Era verdade, Oliver adorava as incríveis façanhas que seu avô tinha
feito, Raul era um grande aventureiro e dizem que já tinha ido a todos os
lugares do mundo.
- Por que ele pode viajar e não precisa fazer sapatos como o papai? Ele
disse que um bom Leprechaun serve para fazer belos pares de sapatos.
- Seu avô dizia que admirava os Leprechauns pois não teria ido tão longe
sem sapatos tão confortáveis.
- Quer dizer que para viajar bastante eu preciso de sapatos melhores? –
perguntou Oliver, com dúvida.
Marin sorriu cheio de ternura e olhou para seu colar que tinha uma moeda
dourada como pingente.
- Todos temos nosso papel nesse mundo – Respondeu Marin – Você é filho
de Leprechaun, mas você não precisa seguir o caminho de seus pais.
- Jura que posso viajar como o vô Raul?
- Você pode fazer o que desejar, meu querido, isso é uma conversa que
você terá com o seu pai amanhã e é apenas por isso que estou te contando hoje,
você guarda esse segredo? – O pequeno Leprechaun concordou com a cabeça – Todos
recebem uma moeda dourada no terceiro aniversário... O maior tesouro de todos.
- O maior tesouro que eu poderia receber seria ter minha mãe de volta –
Disse Oliver, enquanto virava o rosto para esconder uma possível lagrima.
- Já conversamos sobre isso querido, sua mãe esta descasando...
- desculpe, é que as vezes sinto saudades...Posso comprar o que eu
quiser com essa moeda? – Perguntou Oliver, cheio de vontade.
- Não seja bobo Olly, é um valor muito mais profundo do que este, a
moeda guarda nossa essência, nossa personalidade, mas ainda existe uma moeda
mais valorosa, a moeda dourada, que é dada apenas para as pessoas que não
apenas encontraram a felicidade, mas são puras e compartilham alegria por onde
passam, com todo mundo.
- Porque essa sim pode comprar coisas? - Arriscou de novo.
-Não!!! Do que mais você precisaria? Quem tem uma moeda dourada, já
possui felicidade.
- Eu seria bem feliz com mais brinquedos – Disse Oliver zangado, sem
entender o que sua avó dizia.
- Você é novo para entender meu querido, no nosso mundo não compramos
coisas como nas histórias fantásticas das criaturas chamadas de Humanos... Nós
trocamos, fazemos favores e doamos o que não precisamos, funciona muito melhor.
Um uivo de lobo foi ouvido de fora da casa, lembrando Marin que seu neto
já tinha passado tempo demais acordado, de uma forma ou de outra ele sempre conseguia
seus segundos a mais, mesmo assim não podemos dizer que ela não estava deixando
isso acontecer, os dois adoravam a companhia um do outro, o pequeno pelas
histórias do avô e contá-las, fazia com que Marin fosse tocada de novo com uma
saudade de seu companheiro, seu marido, seu eterno amor.
- Muito bem, espertinho, você venceu de novo! – Brincou Marin e fez
cócegas em seu neto – Mas agora é hora de dormir, tudo bem?
Com um aceno de cabeça, Oliver colocou seu gorro verde do lado da cama e
fechou os olhos, porém estava apenas esperando sua avó sair do quarto para
poder finalmente parar de fingir e se mergulhar em uma noite quase sem fim, com
novas possibilidades, um novo mundo aonde ele poderia ser o que ele quisesse e
isso encheu seu pequeno coração de felicidade.
Nesta noite Oliver não precisou fechar os olhos para sonhar.