sábado, 21 de dezembro de 2013

Véu púrpura



Numa casa morta, vazia,
Um apaixonado, lá, jazia.
Sem portas abertas para o mundo de cá,
Escutava sua Bela, que um soneto, soprava,
Amor era algo que lhe sobrava.

Faltava-lhe ar.
Possuído por uma intensa vontade de gritar,
Um Ardor encrostado no peito
Enquanto, Ele, Encostado na janela,
Vendo uma sociedade repulsiva,
Sem tempo de viver
De vir e ver tal homem,
Sob um redoma,
Uma paixão compulsiva.

Sem calma, agonizando em duvida
Pagaria com sua alma
Pela Razão, a nobre verdade,
Sua prisão, a eterna dívida.
Tampouco queria estar lá.
Tão pouco de esperança
Sem saber o que esperar.

sábado, 16 de novembro de 2013

Minha flor



Hoje foi uma noite especial
Daquelas que você se desmantela
Sob o brilho da lua, refletido na janela.
Como um anjo, você me beijou

Jurava que dormia
Mas, acordado eu deveria estar
Aquele toque! Tão difícil de acreditar
Que algo assim pudesse ser real

De manhã não tive surpresas
Olhei para aquela garota e sabia
Era a razão pela qual eu vivia

Estava apaixonado novamente.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ele não é meu irmão

Depois que eu nasci, meus pais não conseguiram mais ter filhos, mas como eu queria um irmão a única opção foi a adoção. Quando o menino chegou tudo era perfeito, ele sorria e brincava, só que a noite quando a gente estava sozinho no quarto ele não precisava mais fingir.
No começo foi difícil aceitar que ele fosse estranho, eu tentei falar com meus pais e como eu era muito novo na época cheguei ate a dizer que ele tinha vindo com defeito. Essa frase inocente porem descuidada me rendeu vários meses no psicólogo. Não vou dizer que foi uma experiência ruim eu até achava legal conversar com a Doutora Tatiane, só era chato ela insistir nessa historia de que é normal filho único estranhar quando outra pessoa chega à sua casa e “rouba” tudo o que é seu. Droga! Esse não e o meu caso, eu queria um irmão, queria compartilhar meus brinquedos e até meu vídeo game – Às vezes, é claro – Não seria por isso que eu passaria o resto da vida em negação! Meu irmão ele... Ele não era humano.
Eu não sabia o que ele era só sabia o que ele não era, a porcariazinha nem sequer dormia! Várias vezes eu virei para o lado e vi ele com os olhos aberto olhando para o teto, que minha mãe tinha enfeitado para a gente, era só apagar a luz que o quarto ganhava novas cores, eram vários desenhos fosforescentes brilhando no escuro da noite, desenhos inocentes, animais, estrelas e planetas, foi ai então que eu tive  a ideia de que ele fosse um alienígena.
Ele era fissurado por essas estrelas, não era possível dormir todas as noites de olhos abertos, estranhisse tem limites, pelo menos deveria ter. Eu fiquei triste por meus pais, quando estavam perto o menino era perfeito, fazia tudo o que mandavam e ta ai mais uma pista, que filho faz tudo que os pais mandam? Ele não tinha a malícia do ser humano, pelo menos por enquanto e quando ele ficasse mais velho e fosse chamado para seu planeta? Ou uma missão de invasão, eu não sei. Eu tinha medo de pensar nessas coisas perto dele, mas não podia simplesmente parar de pensar, se ele pudesse ler meus pensamentos eu tava ferrado, eu não podia fazer nada, ele era o filho normal e se alguém era de fora, esse alguém seria eu, o filho paranóico... O lunático.
A noite era o momento mais difícil, ele era do tipo quietão e era incomodo o ambiente, meu irmão falava apenas com meus pais e nunca comigo, a gente só brincava quando alguém estava olhando. Foi mais ou menos quando fiz quatorze anos que eu comecei a ter pesadelos. Todos os dias eu e o Lucas – meu irmão ET – flutuávamos por um lugar estranho e surreal. Sei que sou novo e não conheço todo o meu planeta, mas desconheço que na Terra tenha montanhas que flutuem sobre as colinas. De fato não eram pesadelos, o que me atormentava era o sorriso cruel de meu irmão e para tornar aquela imagem fixa na minha mente, algo que nunca mais poderia sair - Teria que ser exorcizada, ou Eterozixada se é que existe algo assim- E sempre me trará momento de pavor, foi quando eu estava em um sonho  e o meu telefone  tocou e logo acordei, quando me virei para pegar o aparelho vi aquele mesmo sorriso maligno, um sorriso que jamais poderia ser uma expressão humana, era como se o Jack Nicholson tivesse te mandando para o inferno sem dizer palavra alguma. Here is Johnny! Here is Lucas! Seu irmão alienígena, você sabe sobre a gente, mas não pode fazer nada. Era um sorriso de deboche, um descaso com a raça humana. Sai de casa, só que nunca mais pude dormir tranquilamente em lugar algum.
Era uma pena, eu que admirava tanto esse tema, quando finalmente chega um Alienígena na minha casa não é o que eu espero, não que eu tivesse o sonho infantil de flutuar ao luar junto a um ET com um brilho branco no dedo, mas eu não esperava que fosse algo falso com um brilho negro no olhar. Fugi de casa, morei fora por três meses até meus pais me acharem, todo sujo e doente a muitos quilômetros de distância. Eu não podia parar, primeiro fui atrás da casa de adoção que enviou meu “irmão” e tive a felicidade de saber que ela não existia mais, fiquei feliz na hora, mas sabia que eles estavam em outro lugar, vai saber quantos outros lugares e se realmente existisse alguma casa de adoção que não fosse para colocar filhos alienígenas nas nossas casas, era o plano perfeito, você não sabia da onde vinha a criança, só queria ama-la, eles se aproveitavam da nosso maior qualidade, o amor. Eu simplesmente não podia ir entrando nessas casas sem permissão. Foi nessa hora que eu descobri o que eu queria ser quando crescesse Assistente social, só para garantir que nenhuma família sofresse o que eu sofri e sei que ainda vou sofrer. Meus pais estão me levando para casa e aquele já não é mais meu lar, nem este planeta parece ser meu mais, estou perdido e não tenho aonde ir.
Eu não podia vencer essa guerra, mas se fosse para ter uma batalha, essa seria com aquele infiltrado! Eu não iria mais ter paz em lugar nenhum, precisava acabar com essa angústia e ter uma noite de sono, eu precisava matar meu irmão. Voltei para casa e passei algum tempo fingindo, se ele podia, eu também podia. Precisava dizer que estava tudo bem, tinha passado a fase de garoto adolescente rebelde, agora “estava tudo bem”. Precisei enfrentar aquele sorriso maligno por vários meses, dormir no mesmo quarto daquele ser estranho que estava ali para tirar a minha família de mim. Precisava ser feito, pelo menos até meus pais se acalmarem e deixarem a gente fechar a porta à noite.
E numa noite, quando eu acordei de um pesadelo, vi que ele estava me olhando com aquele olhar... AQUELE OLHAR! Não aguentei mais, peguei o travesseiro e voei nele, usei toda a força que eu tinha, sufoquei aquele alienígena imundo, vi seu corpo mole deitado na cama que deveria ser do meu irmão. Quando passou a euforia chorei, tudo o que eu mais queria era um amigo e agora isso, o consolo foi que ele não era meu irmão e eu estava salvando a Terra. Esta foi a única noite em anos que eu dormi em paz.
Dormi tanto que acordei atrasado para a escola, olhei para o lado e meu irm... O Et Lucas não estava mais lá, droga! Meus pais deviam ter chamado a policia e estavam me esperando, olhei para a janela e não vi nada, estavam escondidos! Desci as escadas em passos curtos e demorados, eu estava com medo, não queria ir para a cadeia, mas talvez já tivessem feito à autopsia e confirmaram uma vida desconhecida e eu seria um herói, com esse pensamento desci as escadas e... Tudo parou e começou a girar, vi meu pai, minha mãe e... Meu irmão tomando café! Como se nada tivesse acontecido, desmaiei.
Acordei no hospital com meu irmão falando “Mamãe, mamãe o Gu” Era a forma dele mostrar carinho por mim, mas apenas quando meus pais estavam perto. “Ele acordou”. “Que ótimo meu filho, você esta bem? Você caiu da escada e desmaiou, o médico disse que você quase se quebrou todo, não tem se alimentado direito? Porque não come nas horas certas como seu irmão? Você é o mais velho, deveria ensina-lo e não ao contrario”. Disse, a pobrezinha da minha mãe.

Nem ouvi o resto do que minha mãe disse de tanta raiva, agora que estava recobrando os sentidos via aquele monstro do meu lado como se nada tivesse acontecido, como ele poderia estar ali?! Ele estava morto! – Comecei a chorar – não podia fazer nada, estava tudo perdido, a Terra seria invadida, tinha de aceitar o fato de ter um alienígena morando na minha casa e ainda por cima minha mãe gostava mais dele do que de mim.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ison, brilhe sobre nós!




POEMA GÓDIGO! ( brincando )

Ficarei a ti observar
sob a penumbra da noite
Estarei ali, encostado naquele carvalho.
Onde futuramente... Será minha lápide.


Cultuando os mortos
Com a sabedoria dos mais vividos!
Saboreando a vida
E desejando, mais que tudo... a doce morte

Clamo aos céus pela tua passagem
Chamo todos meus antepassados e apreciamos.
Chamas num abismo estrelado.

Ison, venha com tua bela calda
Esfarele-se sobre nós, mortais
E poeira de estrela... Que éramos
Morreremos e ainda seremos
Pra sempre, um meteoro que apenas passa
Brilha e logo se apaga
Sem ninguém para lembrar

Saudade da vida


O vidro embaçado te mostra uma verdade incompleta
Você não se vê em teu próprio reflexo
No âmago sente que este dia será de medo
E inconsolável.
Um dia triste, um sentimento chuvoso.
Você sabe que não há nada lá fora te esperando...
E quando o devaneio acaba
Um leve réquiem é tocado
O ponto final esta logo ali
Nunca esteve tão perto...
Há! Nostalgia das coisas etéreas!

Uma maldita melancolia
Escorre por seus lábios secos
Goteja em teus dedos atrofiados
E pelas cicatrizes, se esvai.
Assim como você também foi um dia
Derretendo-se aos poucos
E alguém de fora irá notar,
Um corpo vazio...
Um alguém que nunca esteve lá.


Do que sobrou... Nunca irá lembrar...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tão lúcido




Sonhei que sonhava uma vida de sonhos
Olhando algo perto, mas a mente distante.
Cansado de deixar o vento levar,
Tão certo sabendo aonde queria chegar.


Uma barca voando no infinito horizonte,
De um mistério guardado alem do desconhecido,
Se você souber o que é...
Por favor nem me conte.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Vago momento de uma infância não vivida


Onde estão aquelas criaturinhas sem pecados?
Um sopro sem simbolo.
De tal frágil anseio.
Aquele desejo pungente.
Que é meu sorriso no vazio.

domingo, 26 de maio de 2013

Lápis lazúli

A noite estava fria em Nurghadan e uma tempestade de areia ameaçava vim dos confins do deserto!
Uma muralha enorme com destino certo.
Estendia-se até o abismo do mundo.

Quando chegasse a vila todo povoado seria varrido.
Se não fosse por motivo abençoado, todos teriam corrido.

Na barraca central os homens mais se olhavam do que conversavam.
O vento ululante, na noite gritava.
Soprava constante, a morte assoviava, num frio cortante.

Enquanto ao lado com medo nascia!
Um bebê... Não! Dois, espere são três! A parteira dizia!
E correram qual criança, todos foram dar boas vindas a esta nova esperança.
Na terra que seria castigada.
Um singelo milagre pairava.
Fínidas, a mãe, com ternura, seus filhos olhava!

- Olha que belo trio de criaturinhas pintadas de rosa 
- Disse um amigo, esbarrando na parteira. 
- Sortudo és tu meu velho Kindar! Venham todos ouvir as boas novas!
Veremos se és tão bom escultor e crie um seio para ajudar a sua mulher amamentar!

Todos riram e um fogo, em brasa nasceu.
Os que estavam em suas casas, com medo vieram.
O tenebroso vento anunciou seu fim e cedeu.
Todos gritavam felizes e dançaram!
E naquela noite beberam até o firmamento.
Sabendo que ao luar não teriam tormento.
Cantaram a lenda das três pequenas crianças, que o enorme vento, assustaram!

Kindar acordou ao lado de seus filhos.
Tamanha era a sua euforia! Logo três?
Uma façanha, como ninguém jamais o fez!
Tão frágeis e pequeninos.

A muito desejava alguém para sua arte ensinar.
Era o maior artista do reino de Nurghadan.
Muitos com ele aprenderam a esculpir e pintar.
Sua obra era desejava por nobres.
Exposto em templos e no real castelo.
Sempre humilde, Kindar tinha apreço pelos mais pobres.
E ensinava os que não podiam paga-lo.

E agora três filhos! Sua mente, um puro devaneio, acordou.
Mas por horas, como vertigem, apenas vagou.
Ficou a observar seus filhos que tanto queria amar e desejava ensinar.

Longos dias se passaram.
Noites rápidas, ao sabor do vento.
Com eles anos e seus filhos cresceram.
Poucas luas marcaram o tempo.
Refrescando as areias que aos homens, tanto castigavam.

E sua filha, na irá dos Deuses também fora punida.
Pobra Madonda do deserto
Tal flor de lótus que nasce faltando uma pétala
Logo ao ser concebida, herdou uma perna machucada.
Sophy, a menina. Como Tholus, não era forte.
O irmão podia livremente andar. Ela não teve a mesma sorte.

Nem sorria o tempo todo e estava a brincar como Farchol
O alegre e sorridente irmão mais novo.
Tinha uma voz doce, feito rouxinol.
A ele, todos tinham admiração. O mais velho que era um estorvo.
Sempre soturno e quieto
Olhava estranho para a criança.
Não gostava de tê-la por perto.
Dizia que sua perna nunca teria esperança.
Kindar, dela nunca desistiu.
Foram mandados mensageiros
Todos o conheciam e queriam ajudar.
Percorreram o vasto deserto a procura de curandeiros.
Através de reinos distantes viajaram.
Em vão, sobre tal enfermidade, nada encontraram.
- Esta casa esta doente, ate mesmo pequenos monstros são tratados como gente! - Resmungou Tholus com inveja.

- Nunca diga tal coisa irmão! Temos de viajar, mas ao voltar não quero ver nossa irmã na cama deitada, qual pétala que no outono vai ao chão!

Cinco verões se passaram.
Tão pouco de tempo existiu.
Nem mesmo pegadas deixaram.
Imutável era aquele deserto.
O povo dizia que estava protegido isto era certo.
Mas por qual obra divina não sabemos.
Se tantas tempestades já sofremos.
Como explicar tal calmaria?
Milagre? Ou obra de bruxaria?

Retornaram adultos! Farchol não queria mais viajar
Queria pintar e esculpir, mas jamais de sua família se separar.
Percebeu que perto de casa, muito tinha a aprender.
Da janela vinha o vento te refrescar e no quintal o Sol para te aquecer.
Lia sobre pessoas assombradas por monstros surreais.
Também sonhava que as cores de Van Gogh pudessem ser reais!

Já o irmão mais velho, Tholus, não via a hora de voltar aos estudos.
Treinaria excessivamente!
Abraçou Michelangelo! Suas obras fascinavam sua mente.
Pintava, com uma anatomia vitruviana, eram corpos perfeitos.
Leu sobre guerras, sobre homens corajosos e seus feitos.
A Delacroix encaminhou, por tal perjuria, uma ofensa,
Não acreditar na perfeição era uma descrença.

Então um dia, os filhos voltaram,
Kindar orgulhoso olhava os com admiração!
Os filhos gêmeos, poucos diriam tal barbaridade,
Em nada pareciam, só tinham a mesma idade,
Já eram homens, o pai de barba branca
Um cajado que o próprio fez, um ancião.
Fínidas a mulher não parava de chorar,
Pensava que tudo poderia voltar a ser como antes.
A marca da velhice no rosto e lágrimas a enxugar,
Nas pernas a cicatriz dos anos,
Dor nenhuma lhe tiraria o afeto que tinha por seus meninos.

Farchol esperando ver uma mulher formada
Tamanha era a saudade da pequena irmã
Só observou que na cama, alguém estava deitada,
Ouvindo seu nome chamar
Correu a seu encontro!
Uma criança! Não era a irmã que esperava encontrar.
Bela, sim era e sempre seria, mas tão pequena! E com pernas de que nada servia.
Sua mão se mostrava talentosa,
Herança do pai desenhava com tal forma graciosa!
Na parede a ostentar, Flores de Lótus que ela e o pai vieram a pintar.

O filho mais velho pouco ficou, nem mais uma noite esperou.
Realizaria o sonho de seu pai, seria o mais perfeito escultor que já existiu!
A estadia foi breve, não tinha tempo a perder, pouco para falar.
Como nuvens passageiras, chegou e logo partiu.

Pensaram que nunca mais veriam o irmão,
Pois em um mundo mágico, só há relatos trágicos.
Daqueles que buscam e morrem atrás de perfeição
Mas cegos e loucos, vagam aqueles que têm ambição.
Havendo tantos, não são poucos, se não ao próximo.
Para si próprio encontram a perdição.

Em casa, reinava paz e harmonia.
Dentro até mesmo a garota doente sorria
Enquanto os presságios de tempestades destruidoras desapareciam.

No vilarejo nunca prosperaram tanto, época feliz para um povo castigado que sofria.
Mas como o povo gosta de dizer.
Muralhas de pedras sempre desabavam
E até a Lua, na mais escura e agourenta das noites, irá se esconder.
Não se sabe se é obra divina, ou apenas bruxaria, mas algo protege a vila e fere a pobre menina.

A solidão aperta até mesmo o coração do homem mais valente.
Sem notícias de casa, de repente...
Bate uma saudade, do que não viveu.
E Tholus já com boa idade, resolve voltar.
Por toda a noite o deserto frio e infinito percorreu
Mas...
Logo na entrada se esbraveja! Uma estátua sua visão alveja
Pensou que ver tal monstruosidade não pudesse ser capaz
Metade águia e metade mulher, na cabeça uma flor de lótus vermelha.
Á pinturas egípcias esta grotesca pincelada tosca não se assemelha!

- Meu filho que bom que voltou! Por que há tanto tempo nenhuma carta mandou?
- Então está é a estatua que irão ver todos os viajantes que a esta vila vierem ter?
- Todos ajudaram, tentei te encontrar, mandei cartas, mas elas retornaram! Foi o ultimo... - Demorou em dizer estas palavras - O ultimo trabalho de sua irmã, com um corpo frágil adoeceu, e sua mãe... Ontem à tarde... Ela... Morreu! Por favor, fique com a gente! Uma tempestade se aproxima o vento esta diferente!

- Jamais! Com tal afronta não poderei aqui viver! Nunca buscaria abrigo em toca de chacais! Posso sobreviver, vagarei pelo deserto, percorrerei por um caminho incerto, pois aqui não volto mais.

E no deserto adentrou, ajoelhado aos prantos, seu pai, na vila ficou.
Sabia que não veria mais o filho com vida.
Justo agora que com a falta de sua mulher.
Sua casa estava tão sofrida.
Uma filha doente, o outro desanimado.
Estaria tudo assim, arruinado?

Numa caverna se refugiou, fatigado e com a Lua ao alto, para o lugar nem olhou, afastando a claridade que o cegava, seus olhos abriram.
Não qual fogo do céu. A morada de Osíris! Era o azul das pedras que reluziam.
O lindo Lápis-lazúli. Em tal vislumbre se sentiu imortal!
Finalmente teria a sua chance de mostrar sua perfeição!
Destruiria aquela estatua bestial e criaria a mais linda joia que já existiu!
Um marco para a arte, a máxima criação.
A bela e esquecida, uma flor de lótus azul anil.
Um adorno para o cabelo da mais linda mulher.

Dentro da funda caverna, não via o tempo passar,
De imediato começou na pedra, trabalhar.
Tanto que por um longo tempo só viu três vezes um pássaro passar.
Na primeira, quando dera voo de seu ninho no alto da tamareira.
Na segunda, buscava abrigo para o filho que num ovo a vida fecunda.
Terceira e ultima já inverno e doente, sabia que não teria próxima.
Por que na quarta, vestiria o preto terno e dormiria eternamente.

Exilado nesta concha que era banhada por uma areia misteriosa e atemporal.
Sua obra terminou, qual louco com um sorriso senil admirou.
A flor azul brilhante! Antes de gritar estupefato que era perfeito
Percebeu com espanto que olhando direito
Podendo confiar em seus olhos, anulando qualquer miragem.
Nela algo refletia uma sombra fosca criando uma real imagem
Sua mente agora derretia, o pior de seus pesadelos, seus monstros em devaneios.
Era sua irmã que em cerúleo reluzia!
Uma maldição! Sua mão ficou fraca e dela a flor caia.
Uma pétala de cor celeste, Ao lado, morta jazia! Inerte... Sua mente se desfazia.

Gritou feito mandrágora! Quando sua consciência recobrou,
Correu! Sentia que a vida se esvaia... Chorou
Mas com a tempestade a seu encalço não pararia!
Percebeu que não poderia ser perfeito, enquanto na terra, sua irmã vivia.
Olhava com irá e desespero para sua escultura, enquanto, a esta altura.
Todas suas pegadas haviam sido apagadas.
Tentou lembrar-se de tudo que na vida havia feito
Não se lembrou de imediato, seu oficio era ser perfeito.
Nunca tinha podido exercer sua profissão.
Por ser uma metade, enquanto houvesse irmã e irmão.

Tholus parte, passos leves e pesados.
Marcha para a batalha, que fosse a última.
Alguém precisava morrer, ou todos estariam arruinados.
E ele não viajaria para ser vítima.

O deserto sentia a vibração
Soprava forte! O forte homem ia contra o vento.
Podia se ouvir vozes, de terror, danação.
Todos correram, livraram-se os que estavam por perto.

Ao longe avistaram as pessoas que em suas casas se trancavam.
Em direção à antiga casa, uma neblina nostálgica soprou.
Quebrando o silêncio e a paz, a porta arrombou.
Farchol sabia que a morte era esperada e sua irmã abraçou.
Choraram esperando seu irmão, seu assassino.

- Poupe nos Tholus! De nossas veias corre a mesma essência - dizia Farchol esperando clemência.
- Sempre algo ira faltar! Vocês não percebem? Todos mimando um monstro enquanto sofrem! Tu és um fraco meu irmão, para ser perfeito não á outro modo preciso  matar-te!

Os gritos se misturaram a cores rubras que a parede pintaram.
Marcas de uma incerteza sofrida, o abandono da vida.
De todo um tempo vazio, em um deserto sem Lua, apenas frio.
O vento prosseguia seu caminho prometido
Varrendo como poeira a bela cidade a toda encobriu.
Nada se sabe ao certo, mas o povo gosta de dizer.
Que se a criança morresse outra coisa não iria acontecer.

Viajantes procuraram a cidade perdida
Em busca de algo valioso
Mas agora só se encontra em ruínas, uma cidade insólida.
O que se tira é algo doloroso, e muito misterioso.
As lendas contam que em busca de perfeição
Um homem foi capaz de matar o próprio irmão
Mas sua obra nunca fora encontrada

Tudo culpa de uma flor imperfeita, uma pétala quebrada.

O beijo dado no lago

Saboreando meu reflexo.
N'alguma planície esma.
Sob o holofote luar.
E a mente a divagar.

Sou aquele ruido.
Resquício de algo.
Sem som aparente.
Apenas um sonho na mente.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Senhor gentil


Nao tem como não se admirar, a cima de tudo com a gentileza das pessoas, estou apenas a quatro dias e as histórias já são várias

troféu de bronze: eu e a Tatiane Souza fomos parados por um homem que véio dar uma especie de gelinho pra gente ( sorry, we dont have money) ele disse que era de graça, estavam sem fome e que poderia fazer bem a outra pessoa... se fosse no Brazil to ligado que teia droga ali, mas aqui não... aqui... ZZZZZzzzzz

Troféu de prata: Estavamos perdidos, na verdade a gente poeria começar todas as historias assim, porque as ruas aqui são horriveis para se guiar, nao tem placa, nao tem numero lógico... nao tem NADA!!! carteiro deve ser a pior profissao da Irlanda! Mas boas almas sempre estao para ajudar ( nao foi uma piada, por que os dois homens gentis que ajudaram trabalhavam numa funerária... longe de mim fazer piada com tal coisa ) E o bom moço que estava de macacão pintando o portao, veio nos ajudar, chamou um engravatado e os dois entraram no google maps, imprimiram foto pra gente e ainda devolveram o celular da Dafne Lopes que a póia esqueceu lá... um belo gesto!

and the oscar goes to!!! Velhinho super gentil!!!! Nao tem como nao se admirar com essa história que ainda vai virar um livre hehe... estavamos perdidos ² e um senhor disse que iria mostrar a onde era a rua, porem ele nao conhecia por la, pelo caminho ele foi falando da vida dele e deu pra contar bastante coisa pq ele andou coma gente por MEIA HORA!!!! ajudando a gente a chegar num lugar muuuuuuito longe... o cara era manco, tinha perdido a mulher e só estava ali para ajudar 4 brasileiros a achar uma casa... sem mais... o velhinho foi muito gente boa, palmas pro velhinho! e que ele seja muito feliz. votos de todos, principalmente da mais engraçada, a Brenda Simões  e a DAni Maciel que só nao gosta de aliche


Termos de contratos e Pôneis


Hoje fui acordado as 7:50 pelo antigo morador da casa. Ele veio buscar algumas coisas dele e veio me falar se eu queria ficar com o Broadband que deve ser como eles chamam roteador , tive au aprender no brazilian wayzinho.
Me explicou que era só mudar meu nome no contrato e eeeeeeeeessa parte foi treta, pq me ligaram e com o primeiro cara q eu falei ( tentei falar né ) ele disse, confirme seu endereço, seu nome e diga Yes...

véeeeeeeei... falei tanto Yes que amanhã vai chegar um Pônei que eu encomendei e ja ta debitado no meu cartao =/

fazer contrato em ingles foi um desafio, mas eu me virei bem... até a chegada do pônei =/ vamos esperar

aaah... soletrar meu nome e e-mail foi treta tbm( como se fala @?), estamos acostumados com o som das palavras, quando temos que soletrar ( me senti falando com o Luciano Huck ) foi foda... foi foda

jaja tiro foto do pônei galera!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O vento que nunca soprou


Flutuando no eterno tempo,
deslocado no vazio espaço.

Transbordando em febre
a fúria mental.

Um desejo
de não almejar mais vontades.

Ficar tal qual moinho
inóspito, inerte.

Sob o carisma
da brisa suave.



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Penúltimo capitulo


A lâmpada remete a tempos antiquíssimos, onde a luz era algo fundamental para sobrevivência e a segurança de um povo. E baseando-se nesses princípios, achar que lâmpadas fossem artefatos mágicos, faz sentido. Mas ao contrario de algumas lendas falarem que tais velas realizariam três desejos, isso é um equivoco, pois o certo é poder, apenas um. E não é todo desejo que seria aceito, para isso a lâmpada, contendo o fogo mágico, deve se apagar e não importa a intensidade do sopro e sim a sua pureza.

Esta lâmpada é chamada de A luz de Ísis*. Somente algo sincero que fosse não apenas ajudar a pessoa, mas um conjunto, seria aceito como digno desejo! "E na calada da noite enquanto os aflitos dormem a única luz que ainda resta acessa, se apagará para iluminar sua alma"! Estas são as palavras que sopram por todo deserto e poucas são as historias que tiveram um final feliz, muitos fracassaram, não em busca, mas por não conseguiram apagar a chama mágica, muitos mataram e roubaram, o que já lhe arrancaria a chance de sucesso.

Poucas pessoas triunfaram e ficaram conhecidas como guardiões da verdade. O primeiro, fora um antigo Rei egípcio, que ao ver metade de seu povo morrer de sede. O Rei disse que não retornaria enquanto a lâmpada não fosse achada, assim, nunca seria digno de liderar seu povo. Nove longos anos se passaram, e o viajante, sem mais seu titulo, caminhava como um andarilho e nesse caminho conheceu muita gente, aprendeu muito com outras civilizações e quando voltou disse que todas as lágrimas caídas pelos castigados não seriam em vão e a vela se rendeu ao desejo do Rei e no outro dia, como mágica um rio brotou na terra negra e por isto recebeu o nome de Nilo!

Existem outras historias, mas sempre, o guardião da verdade, parte em uma busca, uma viagem, que se referem a ritos de passagem e só assim, depois de adquirir conhecimento estaria então convicto das suas e das necessidades de seu povo para fazer tal pedido. Os céticos escreveram notas nos livros dizendo que ao conhecer outras civilizações, o Rei então descobriu como ele próprio extrair água da terra. Sim isso poderia ser uma verdade, mas se não tivesse existido o símbolo da lâmpada, o desejo e a vontade de ajudar seu povo, os ingredientes necessários para realizar um pedido na Luz de Ísis, nada teria acontecido.

*Ísis = (em egípcio: Auset) foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano. Foi cultuada como modelo da mãe e da esposa ideais, protetora da natureza e da magia. Era a amiga dos escravos, pescadores, artesãos, oprimidos, assim como a que escutava as preces dos opulentos, das donzelas, aristocratas e governantes.[1] Ísis é a deusa da maternidade e da fertilidade.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

tentando entender as interligações, os caminhos e as escolhas abstratas da vida


hoje aconteceu algo estranho, preste atenção este é apenas o meu ponto de vista, nunca saberemos o que se passou na cabeça da outra pessoa, mas uma coisa e certa, existiu um toque e uma lembrança ficara eternamente como uma cicatriz, mas nao uma ferida com dor, talvez uma boa lembrança de um machucado de aprendizado.

Ontem coloquei alguns trevos de quatro folhas no livro que to lendo ( sim, eu sei um lugar onde eles crescem e por o livro ser de Teosofia acho que não tem nada a ver com a loucura que acontece, eu acho )

coloquei vários trevos, mas jurava que tinha tirados todos, enfim. Peguei o trem e vi olha senhora sorridente, beirando aos setenta nos, notamos a presença de poucas pessoas que passam ao nosso redor, sao fantasmas que estao vagando no mundo assim como nós, por isso precisamos, SIM, dar valos a elas para poder receber valor.

Seu meu caminho, encontrei uma amiga e como achei um trevo, dei a ela, era o ultimo, folhei varias vezes e nada, era o ultimo.

voltando para casa de metro, encontrei a senhora de novo, eu estava sentado e ela estava entrando no trem, ela nao iria entrar no meu vagão, mas voltou, nao sei porque, talvez por ter um rosto " conhecido " talvez pudesse fazer com que a viagem fosse mais tranquila. Entao eu achei tudo estranho e disse para mim mesmo. " coisa estranha se eu tivesse um trevo daria para ela " e pus-mes a procura...  E ACHEI!!! nao tinha mais trevo e surgiu e como tinha prometido, tive que fazer, por que o destino e uma roda e eu nao podia deixar de girar

fui até ela e falei?

- você ja me viu hoje?
- sim, acho que sim
- vamos entender isso como sorte

entreguei o trevo para ela e sai, nao sei porque eu fiz isso, talvez por ego, querer ser lembrado, se eu fizer mais vezes isso ate seria o louco do trevo no metro seria mo legal kkkkkkkkkkkkkkkkkk talvez eu faça, mas so farei se eu " prometer para mim mesmo " e por algum acaso, aparecer algo para dar.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Histórias enraizadas no árido deserto


Tudo bem, vou lhe contar uma história que é passada há muito tempo por pessoas que atravessavam o deserto e rumam ao indizível, lugares longínquos que não encontram-se no mapa, assim como nossas vidas que não estão escritas, ainda!

Esta é uma história em verso, uma poesia nunca antes escrita, mas sempre contada ao redor de uma fogueira por viajantes incertos, algumas palavras foram perdidas e outras acrescentadas, mas sempre irá falar sobre a perfeição! A cobiça, o desejo de guardar o que é belo e ter o poder! A mais bonita das pedras preciosas, a pura beleza, algo indomável, entre outras palavras e resumindo... Uma mulher

A Tríade

A noite estava fria em Nurghadan e uma tempestade de areia ameaçava vim dos confins do deserto!

Uma muralha enorme com destino certo,

Estendia-se até o abismo do mundo.

Quando chegasse a vila todo povoado seria varrido.

Se não fosse por motivo abençoado, todos teriam corrido.


Na barraca central os homens mais se olhavam do que 

conversavam.

O vento ululante, na noite gritava.

Soprava constante, a morte assoviava, num frio cortante.

Enquanto ao lado com medo nascia!

Um bebê... Não! Dois, espere são três! A parteira dizia!

E Correram qual criança, todos foram dar boas vindas a esta nova esperança.



Na terra que seria castigada. Um singelo 

milagre pairava.


Fínidas, a mãe, com ternura, seus filhos olhava!


- Olha que belo trio de criaturinhas rosa - Disse um amigo, esbarrando na parteira. - Sortudo és tu meu velho Kindar! Venham todos ouvir as boas novas! Veremos se és tão bom escultor e crie um seio para ajudar a sua mulher amamentar!

Todos riram e um fogo, em brasa nasceu. 
Os que estavam em casa com medo vieram. O tenebroso vento anunciou seu fim e cedeu. Todos gritavam felizes e dançaram!

E naquela noite beberam até o firmamento.

Sabendo que ao luar não teriam tormento.


Cantaram a lenda das três pequenas crianças, que o enorme vento, 

assustaram!

Kindar acordou ao lado de seus filhos.

Tamanha era a sua euforia! Logo três?

Uma façanha, como ninguém jamais o fez!

Tão frágeis e pequeninos.


A muito desejava alguém para sua arte ensinar.

Era o maior artista do reino de Nurghadan. Muitos com ele 

aprenderam a esculpir e pintar. Sua obra era desejava por 

nobres.

Exposto em templos e no real castelo.



Sempre humilde, Kindar tinha apreço pelos mais pobres. E 

ensinava os que não podiam pagá-lo.


E agora três filhos! Sua mente, um puro devaneio, acordou. Mas 

por horas, como vertigem, apenas vagou.

Ficou a observar seus filhos que tanto queria amar e desejava ensinar.

Longos dias se passaram.

Noites rápidas, ao sabor do vento. Com eles anos e 

seus filhos cresceram. Poucas luas marcaram o 

tempo.

Refrescando as areias que aos homens, tanto castigavam.


E sua filha, na irá dos Deuses também fora punida. 
Tal flor de lótus que nasce faltando uma pétala.

Logo ao ser concebida, herdou uma perna machucada.
Sophy, a menina. Como Tholus, não era forte.

O irmão podia livremente andar, ela não teve a mesma sorte.




Nem sorria o tempo todo e estava a brincar como Farchol O 

alegre e sorridente irmão mais novo.

Tinha uma voz doce, feito rouxinol.

A ele tinha admiração, o mais velho que era um estorvo. 

Sempre soturno e quieto

Olhava estranho para a criança. Não gostava 

de tê-la por perto.

Dizia que sua perna nunca teria esperança.



Kindar, dela nunca desistiu.
Foram mandados mensageiros

Todos o conheciam e queriam ajudar.

Percorreram o vasto deserto a procura de curandeiros. 

Através de reinos distantes viajaram.

Em vão, sobre tal enfermidade, nada encontraram.

-  Esta casa esta doente, ate mesmo pequenos monstros são tratados como gente! - Resmungou Tholus com inveja.


-  Nunca diga tal coisa irmão! Temos de viajar, mas ao voltar não quero ver nossa irmã na cama deitada, qual pétala que no outono vai ao chão!


Cinco verões se passaram.

Tão pouco de tempo existiu.

Nem mesmo pegadas deixaram.

Imutável era aquele deserto.

O povo dizia que estava protegido isto era certo.

Mas por qual obra divina não sabemos.

Se tantas tempestades já sofremos.

Como explicar tal calmaria?

Milagre? Ou obra de bruxaria?

Retornaram adultos! Farchol não queria mais viajar

Queria pintar e esculpir, mas jamais de sua família se separar. 

Percebeu que perto de casa, muito tinha a aprender.

Da janela vinha o vento te refrescar e no quintal o Sol para te aquecer.


Lia sobre pessoas assombradas por monstros surreais.

Também sonhava que as cores de Van Gogh pudessem ser reais!


Já o irmão mais velho, Tholus, não via a hora de voltar aos 

estudos.

Treinaria excessivamente!

Abraçou Michelangelo! Suas obras fascinavam sua mente. 

Pintava, com uma anatomia vitruviana, eram corpos perfeitos. 

Leu sobre guerras, sobre homens corajosos e seus feitos.

A Delacroix encaminhou, por tal perjúrio, uma ofensa. Não 

acreditar na perfeição era uma descrença.

Então um dia, os filhos voltaram,

Kindar orgulhoso olhava os com admiração!

Os filhos gêmeos, poucos diriam tal barbaridade, 
Em nada pareciam, só tinham a mesma idade,

Já eram homens, o pai de barba branca.
Um cajado que o próprio fez, um ancião.
Fínidas a mulher, não parava de chorar,

Pensava que tudo poderia voltar a ser como antes. 

marca da velhice no rosto e lágrimas a enxugar, 
Nas pernas a cicatriz dos anos,

Dor nenhuma lhe tiraria o afeto que tinha por seus meninos.


Farchol esperando ver uma mulher formada
Tamanha era a saudade da pequena irmã.

Só observou que na cama, alguém estava deitada, 

Ouvindo seu nome chamar.




Correu a seu encontro!

Uma criança! Não era a irmã que esperava encontrar.

Bela, sim era e sempre seria, mas tão pequena! E com pernas de 

que nada servia.

Sua mão se mostrava talentosa,

Herança do pai, desenhava com tal forma graciosa!

Na parede a ostentar, Flores de Lótus que ela e o pai vieram a 

pintar.


O filho mais velho pouco ficou, nem mais uma noite esperou. 

Realizaria o sonho de seu pai, seria o mais perfeito escultor que já 

existiu!

A estadia foi breve, não tinha tempo a perder, pouco para falar. 

Como nuvens passageiras, chegou e logo partiu.

Pensaram que nunca mais veriam o irmão,

Pois em um mundo mágico, só há relatos trágicos. Daqueles 

que buscam e morrem atrás de perfeição
 Mas cegos e loucos, 

vagam aqueles que têm ambição.

Havendo tantos, não são poucos, se não ao próximo.
Para si próprio encontram a perdição.

Em casa, reinava paz e harmonia. Dentro, até 

mesmo a garota doente sorria

Enquanto os presságios de tempestades, destruidoras 

desapareciam.



No vilarejo nunca prosperaram tanto, época feliz para um povo 

castigado que sofria.

Mas como o povo gosta de dizer. Muralhas de 

pedras sempre desabavam.

E até a Lua, na mais escura e agourenta das noites, irá se 

esconder.

Não se sabe se é obra divina, ou apenas bruxaria, mas algo 

protege a vila e fere a pobre menina.


A solidão aperta até mesmo o coração do homem mais valente. 

Sem notícias de casa, de repente...

Bate uma saudade, do que não viveu.

E Tholus já com boa idade, resolve voltar.

Por toda a noite o deserto frio e infinito percorreu Mas...

Logo na entrada se esbraveja! Uma estátua sua visão alveja 

Pensou que ver tal monstruosidade não pudesse ser capaz 

Metade águia e metade mulher, na cabeça uma flor de lótus 

vermelha.

Á pinturas egípcias, esta grotesca pincelada tosca não se 

assemelha! 

-  Meu filho que bom que voltou! Por que há tanto tempo nenhuma carta mandou?

-  Então está é a estatua que irão ver todos os viajantes que a esta vila vierem ter?

-  Todos ajudaram, tentei te encontrar, mandei cartas, mas elas retornaram! Foi o ultimo... - Demorou em dizer estas palavras -





O ultimo trabalho de sua irmã, com um corpo frágil adoeceu, e sua 

mãe... Ontem à tarde... Ela... Morreu! Por favor, fique com a 

gente! 

Uma tempestade se aproxima o vento esta diferente!


- Jamais! Com tal afronta não poderei aqui viver! Nunca buscaria 

abrigo em toca de chacais! Posso sobreviver, vagarei pelo deserto, 

percorrerei por um caminho incerto, pois aqui não volto mais.

E no deserto adentrou, ajoelhado aos prantos, seu pai, na vila 

ficou.

Sabia que não veria mais o filho com vida. Justo 

agora que com a falta de sua mulher. Sua casa 

estava tão sofrida.


Uma filha doente, o outro desanimado. 

Estaria tudo assim, arruinado?

 Numa caverna se refugiou, fatigado e com a Lua ao alto, para o 
lugar nem olhou, afastando a claridade que o cegava, seus olhos abriram.

Não qual fogo do céu. A morada de Osíris! Era o azul das 

pedras que reluziam.

O lindo Lápis-lazúli. Em tal vislumbre se sentiu imortal! 

Finalmente teria a sua chance de mostrar sua perfeição! Destruiria aquela estatua bestial e criaria a mais linda joia que já existiu!

Um marco para a arte, a máxima criação.

A bela e esquecida, uma flor de lótus azul anil.



Um adorno para o cabelo da mais linda mulher.


Dentro da funda caverna, não via o tempo passar, De 

imediato começou na pedra, trabalhar.

Tanto que por um longo tempo só viu três vezes um pássaro 

passar.

Na primeira, quando dera voo de seu ninho no alto da tamareira. Na segunda, buscava abrigo para o filho que num ovo a vida fecunda.

Terceira e ultima já inverno e doente, sabia que não teria próxima.

Por que na quarta, vestiria o preto terno e dormiria eternamente.


Exilado nesta concha que era banhada por uma areia misteriosa e 

atemporal.

Sua obra terminou, qual louco com um sorriso senil admirou. A flor azul brilhante! Antes de gritar estupefato que era perfeito Percebeu com espanto que olhando direito,

Podendo confiar em seus olhos, anulando qualquer miragem. Nela algo refletia uma sombra fosca criando uma real imagem
Sua mente agora derretia, o pior de seus pesadelos, seus monstros em devaneios.

Era sua irmã que em cerúleo reluzia!

Uma maldição! Sua mão ficou fraca e dela a flor caia.

Uma pétala de cor celeste, Ao lado, morta jazia! Inerte... Sua 

mente se desfazia.

Gritou feito mandrágora! Quando sua consciência recobrou,

Correu! Sentia que a vida se esvaia... Chorou
Mas com a tempestade a seu encalço não pararia!

Percebeu que não poderia ser perfeito, enquanto na terra, sua 

irmã vivia.

Olhava com irá e desespero para sua escultura, enquanto, a esta 

altura.

Todas suas pegadas haviam sido apagadas. Tentou lembrar-se de tudo que na vida havia feito

Não se lembrou de imediato, seu oficio era ser perfeito. 

Nunca tinha podido exercer sua profissão.

Por ser uma metade, enquanto houvesse irmã e irmão.


Tholus parte, passos leves e pesados. Marcha para a batalha, que fosse a última!

Alguém precisava morrer, ou todos estariam arruinados. E ele 

não viajaria para ser vítima.

O deserto sentia a vibração

Soprava forte! O forte homem ia contra o vento. Podia se ouvir vozes, de terror, danação.

Todos correram, livraram-se os que estavam por perto.


Ao longe avistaram as pessoas que em suas casas se trancavam. Em direção à antiga casa, uma neblina nostálgica soprou. Quebrando o silêncio e a paz, a porta arrombou.

Farchol sabia que a morte era esperada e sua irmã abraçou. 

Choraram esperando seu irmão, seu assassino.



-  Poupe nos Tholus! De nossas veias corre a mesma essência - dizia Farchol esperando clemência.

-  Sempre algo ira faltar! Vocês não percebem? Todos mimando um monstro enquanto sofrem! Tu és um fraco meu irmão, para ser perfeito não á outro modo preciso matar-te!


Os gritos se misturaram a cores rubras que a parede pintaram. 

Marcas de uma incerteza sofrida, o abandono da vida.

De todo um tempo vazio, em um deserto sem Lua, apenas frio.
vento prosseguia seu caminho prometido,

Varrendo como poeira a bela cidade a toda encobriu.
Nada se sabe ao certo, mas o povo gosta de dizer.

Que se a criança morresse outra coisa não iria acontecer.


Viajantes procuraram a cidade perdida, Em busca 

de algo valioso.

Mas agora só se encontra em ruínas, uma cidade insólita. O 

que se tira é algo doloroso, e muito misterioso.

As lendas contam que em busca de perfeição
Um homem foi capaz de matar o próprio irmão
Mas sua obra nunca fora encontrada.


Tudo culpa de uma flor imperfeita, uma pétala quebrada.