quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ele não é meu irmão

Depois que eu nasci, meus pais não conseguiram mais ter filhos, mas como eu queria um irmão a única opção foi a adoção. Quando o menino chegou tudo era perfeito, ele sorria e brincava, só que a noite quando a gente estava sozinho no quarto ele não precisava mais fingir.
No começo foi difícil aceitar que ele fosse estranho, eu tentei falar com meus pais e como eu era muito novo na época cheguei ate a dizer que ele tinha vindo com defeito. Essa frase inocente porem descuidada me rendeu vários meses no psicólogo. Não vou dizer que foi uma experiência ruim eu até achava legal conversar com a Doutora Tatiane, só era chato ela insistir nessa historia de que é normal filho único estranhar quando outra pessoa chega à sua casa e “rouba” tudo o que é seu. Droga! Esse não e o meu caso, eu queria um irmão, queria compartilhar meus brinquedos e até meu vídeo game – Às vezes, é claro – Não seria por isso que eu passaria o resto da vida em negação! Meu irmão ele... Ele não era humano.
Eu não sabia o que ele era só sabia o que ele não era, a porcariazinha nem sequer dormia! Várias vezes eu virei para o lado e vi ele com os olhos aberto olhando para o teto, que minha mãe tinha enfeitado para a gente, era só apagar a luz que o quarto ganhava novas cores, eram vários desenhos fosforescentes brilhando no escuro da noite, desenhos inocentes, animais, estrelas e planetas, foi ai então que eu tive  a ideia de que ele fosse um alienígena.
Ele era fissurado por essas estrelas, não era possível dormir todas as noites de olhos abertos, estranhisse tem limites, pelo menos deveria ter. Eu fiquei triste por meus pais, quando estavam perto o menino era perfeito, fazia tudo o que mandavam e ta ai mais uma pista, que filho faz tudo que os pais mandam? Ele não tinha a malícia do ser humano, pelo menos por enquanto e quando ele ficasse mais velho e fosse chamado para seu planeta? Ou uma missão de invasão, eu não sei. Eu tinha medo de pensar nessas coisas perto dele, mas não podia simplesmente parar de pensar, se ele pudesse ler meus pensamentos eu tava ferrado, eu não podia fazer nada, ele era o filho normal e se alguém era de fora, esse alguém seria eu, o filho paranóico... O lunático.
A noite era o momento mais difícil, ele era do tipo quietão e era incomodo o ambiente, meu irmão falava apenas com meus pais e nunca comigo, a gente só brincava quando alguém estava olhando. Foi mais ou menos quando fiz quatorze anos que eu comecei a ter pesadelos. Todos os dias eu e o Lucas – meu irmão ET – flutuávamos por um lugar estranho e surreal. Sei que sou novo e não conheço todo o meu planeta, mas desconheço que na Terra tenha montanhas que flutuem sobre as colinas. De fato não eram pesadelos, o que me atormentava era o sorriso cruel de meu irmão e para tornar aquela imagem fixa na minha mente, algo que nunca mais poderia sair - Teria que ser exorcizada, ou Eterozixada se é que existe algo assim- E sempre me trará momento de pavor, foi quando eu estava em um sonho  e o meu telefone  tocou e logo acordei, quando me virei para pegar o aparelho vi aquele mesmo sorriso maligno, um sorriso que jamais poderia ser uma expressão humana, era como se o Jack Nicholson tivesse te mandando para o inferno sem dizer palavra alguma. Here is Johnny! Here is Lucas! Seu irmão alienígena, você sabe sobre a gente, mas não pode fazer nada. Era um sorriso de deboche, um descaso com a raça humana. Sai de casa, só que nunca mais pude dormir tranquilamente em lugar algum.
Era uma pena, eu que admirava tanto esse tema, quando finalmente chega um Alienígena na minha casa não é o que eu espero, não que eu tivesse o sonho infantil de flutuar ao luar junto a um ET com um brilho branco no dedo, mas eu não esperava que fosse algo falso com um brilho negro no olhar. Fugi de casa, morei fora por três meses até meus pais me acharem, todo sujo e doente a muitos quilômetros de distância. Eu não podia parar, primeiro fui atrás da casa de adoção que enviou meu “irmão” e tive a felicidade de saber que ela não existia mais, fiquei feliz na hora, mas sabia que eles estavam em outro lugar, vai saber quantos outros lugares e se realmente existisse alguma casa de adoção que não fosse para colocar filhos alienígenas nas nossas casas, era o plano perfeito, você não sabia da onde vinha a criança, só queria ama-la, eles se aproveitavam da nosso maior qualidade, o amor. Eu simplesmente não podia ir entrando nessas casas sem permissão. Foi nessa hora que eu descobri o que eu queria ser quando crescesse Assistente social, só para garantir que nenhuma família sofresse o que eu sofri e sei que ainda vou sofrer. Meus pais estão me levando para casa e aquele já não é mais meu lar, nem este planeta parece ser meu mais, estou perdido e não tenho aonde ir.
Eu não podia vencer essa guerra, mas se fosse para ter uma batalha, essa seria com aquele infiltrado! Eu não iria mais ter paz em lugar nenhum, precisava acabar com essa angústia e ter uma noite de sono, eu precisava matar meu irmão. Voltei para casa e passei algum tempo fingindo, se ele podia, eu também podia. Precisava dizer que estava tudo bem, tinha passado a fase de garoto adolescente rebelde, agora “estava tudo bem”. Precisei enfrentar aquele sorriso maligno por vários meses, dormir no mesmo quarto daquele ser estranho que estava ali para tirar a minha família de mim. Precisava ser feito, pelo menos até meus pais se acalmarem e deixarem a gente fechar a porta à noite.
E numa noite, quando eu acordei de um pesadelo, vi que ele estava me olhando com aquele olhar... AQUELE OLHAR! Não aguentei mais, peguei o travesseiro e voei nele, usei toda a força que eu tinha, sufoquei aquele alienígena imundo, vi seu corpo mole deitado na cama que deveria ser do meu irmão. Quando passou a euforia chorei, tudo o que eu mais queria era um amigo e agora isso, o consolo foi que ele não era meu irmão e eu estava salvando a Terra. Esta foi a única noite em anos que eu dormi em paz.
Dormi tanto que acordei atrasado para a escola, olhei para o lado e meu irm... O Et Lucas não estava mais lá, droga! Meus pais deviam ter chamado a policia e estavam me esperando, olhei para a janela e não vi nada, estavam escondidos! Desci as escadas em passos curtos e demorados, eu estava com medo, não queria ir para a cadeia, mas talvez já tivessem feito à autopsia e confirmaram uma vida desconhecida e eu seria um herói, com esse pensamento desci as escadas e... Tudo parou e começou a girar, vi meu pai, minha mãe e... Meu irmão tomando café! Como se nada tivesse acontecido, desmaiei.
Acordei no hospital com meu irmão falando “Mamãe, mamãe o Gu” Era a forma dele mostrar carinho por mim, mas apenas quando meus pais estavam perto. “Ele acordou”. “Que ótimo meu filho, você esta bem? Você caiu da escada e desmaiou, o médico disse que você quase se quebrou todo, não tem se alimentado direito? Porque não come nas horas certas como seu irmão? Você é o mais velho, deveria ensina-lo e não ao contrario”. Disse, a pobrezinha da minha mãe.

Nem ouvi o resto do que minha mãe disse de tanta raiva, agora que estava recobrando os sentidos via aquele monstro do meu lado como se nada tivesse acontecido, como ele poderia estar ali?! Ele estava morto! – Comecei a chorar – não podia fazer nada, estava tudo perdido, a Terra seria invadida, tinha de aceitar o fato de ter um alienígena morando na minha casa e ainda por cima minha mãe gostava mais dele do que de mim.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ison, brilhe sobre nós!




POEMA GÓDIGO! ( brincando )

Ficarei a ti observar
sob a penumbra da noite
Estarei ali, encostado naquele carvalho.
Onde futuramente... Será minha lápide.


Cultuando os mortos
Com a sabedoria dos mais vividos!
Saboreando a vida
E desejando, mais que tudo... a doce morte

Clamo aos céus pela tua passagem
Chamo todos meus antepassados e apreciamos.
Chamas num abismo estrelado.

Ison, venha com tua bela calda
Esfarele-se sobre nós, mortais
E poeira de estrela... Que éramos
Morreremos e ainda seremos
Pra sempre, um meteoro que apenas passa
Brilha e logo se apaga
Sem ninguém para lembrar

Saudade da vida


O vidro embaçado te mostra uma verdade incompleta
Você não se vê em teu próprio reflexo
No âmago sente que este dia será de medo
E inconsolável.
Um dia triste, um sentimento chuvoso.
Você sabe que não há nada lá fora te esperando...
E quando o devaneio acaba
Um leve réquiem é tocado
O ponto final esta logo ali
Nunca esteve tão perto...
Há! Nostalgia das coisas etéreas!

Uma maldita melancolia
Escorre por seus lábios secos
Goteja em teus dedos atrofiados
E pelas cicatrizes, se esvai.
Assim como você também foi um dia
Derretendo-se aos poucos
E alguém de fora irá notar,
Um corpo vazio...
Um alguém que nunca esteve lá.


Do que sobrou... Nunca irá lembrar...