terça-feira, 13 de outubro de 2009

parte do capitulo "SEM TEMPO PARA MAÇÃS"

Percebeu o tempo que passou, John agora sentia falta de Harold, foi só o filho não aparecer no sábado que uma sensação de vazio atravessou seu coração. Olhando para trás, vendo o tempo que havia passado e ele não estava presente para acompanhar o relógio, ficou com vergonha de si – Droga, era meu único filho, como pude ser tão estúpido – pensava enquanto remoia os fantasmas de seu passado. Ele era amigo do marido da Daisy, estavam no mesmo batalhão e nunca se perdôo por aquele dia fatídico, era o seu dia de pilotar o Helicóptero, não o de Charlie. Mas no dia anterior que era uma sexta, estava uma lua magnífica no céu, poucas nuvens e resolveu sair com uns colegas, por lá eles conheceram algumas garotas e passaram a noite juntos bebendo, e o dia seguinte seria a continuação do pior da sua vida, lembrou da traição, estava se sentindo enjoado, Charlie resolveu dirigir desta vez e foram abatido por tropas inimigas, John conseguiu pular com o pára-quedas, porem tarde demais para seu amigo. Lagrimas de fraqueza e ódio se misturavam, poucas vezes havia chorado na vida, mas nada tinha sido como agora, era o culpado, se sentia horrível, se odiava, tinha vergonha de olhar para Rose novamente, como enfrentaria isso? Pensou todos os dias. Seu exílio foi exercito, ficaria naquela penitência, não sairia não iria se aproximar das pessoas novamente, o amor era algo puro demais para ele, que o transformaria em algo horrendo como já tinha feito uma vez.
Lembrou-se de seu filho, com poucos anos de vida, que não tinha culpa de nada, erraria com ele também, ele tinha uma chance para voltar atrás, poucos tem essa chance, esse punhado de esperança, era mais que migalhas, era um filho! Precisava vê-lo antes que fosse tarde, seu filho seria sua vida, mas ainda se sentia fraco e demorou a se recuperar.
Algo havia interrompido o terrível transe, com flashes da cena do helicóptero caindo e vendo seu amigo queimar, John carregou aquelas queimaduras, aquela cicatrizes seriam o emblema da culpa.
O telefone tocou, era sua esperança.

- Alo? Dizia a voz quase rouca de seu pai.
- Pai! Como você esta?
- estou bem filho como estão as coisas por ai? Pensei que você chegaria em casa ontem.
- Aqui esta ótimo também, estamos estudando bastante, vai ser difícil ir esse sábado para casa.. no próximo eu vou tentar diminuir os estudos e descansar.
- Sua voz não parece dizer que você esta cansado de tanto estudar... São só provas mesmo, ou aconteceu algo?
- Bom...
- Pode contar para o seu velho pai, não perderei mais nada, eu prometo.

Harold sentiu firmeza na voz de seu pai e realmente queria ter essa ligação com ele, nunca pode contar nada, eram tão distantes... Quem sabe agora. – Pai, eu conheci uma garota, ela é sensacional, é linda, inteligente e o senso de humor dela é ótimo e estamos gostando um do outro.
- Que ótimo isso, em um mês e ja esta quase namorando, esse é meu filho, quero saber de tudo, onde você a conheceu?

A conversa seguiu animada entre pai e filho, mas ao saber que era o seu primo no telefone, Julia ficou escutando de longe e ouviu o pior.

- Namorada? Ele esta namorando? Não pode ser – Essas palavras ferviam em sua mente latejavam - Impossível ele esta estudando, só isso, era para ser só isso.

Desesperada, com lagrimas nos olhos, lagrimas caiam, pesadas nos tacos de carvalho que revestiam a casa, se olhasse atentamente, poderia se observar sulcos. O choro escorria de seu rosto delicado e formavam pegadas de lamento e só terminaram no banheiro. Precisava lavar o rosto e teve um espanto quando olhou para o espelho. Seu reflexo sorria para ela, um sorriso malicioso, com um pouco de perversidade no olhar e ia aumentando... Aumentando.

- Chega! – Gritou para si mesma, ou outra pessoa, não sabia ao certo, ela estava triste, chorava, sua maquiagem estava borrada, apenas seu cabelo estava arrumado, ainda estava preso, impecável. E o monstruoso reflexo, mostrava uma Julia horrível, sem maquiagem, com o cabelo todo embaraçado, como se tivesse acabado de acordar. Seus lindos olhos azuis estavam ofuscados pelas negras olheiras que pareciam duas cavernas sinistras, Um abismo que continha um segredo.
- Quem é você – gritou novamente e bateu com os dois braços na pia, que fez espirrar água no espelho.
- Eu sou você, assim como você, minha querida, sou eu. Logo estaremos juntas.

E de acordo com que a água ia escorrendo do espelho, o rosto de uma garota jovem e triste ia sendo conjurado diante dela.

Mordeu os lábios, aflita, sem entender o que estava acontecendo.

- Julia você esta bem querida? - Uma voz maternal foi ouvida por detrás da porta – Ouvi gritos...
- Esta tudo bem, mãe – Secando as lagrimas com o braço, o que sujou todo seu vestido com maquiagem. – me cortei, mas já parou de sangrar.
- Se você quiser, posso fazer um curativo e...
- Não! Esta tudo bem – Sentiu o tom da sua voz explodir, sem intenção e mesmo sem estar por perto da mãe, sabia que tinha sido um choque. – desculpe é que já é a segunda vez que me corto, já irei descer para o jantar.

Não mexeu muito no prato, apenas brincou com as ervilhas, deu boa noite e subiu para o seu quarto, para esquecer tudo o que tinha acontecido.

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