domingo, 21 de fevereiro de 2010

Devaneios jogados ao mar



Parte do conto " Devaneios jogados ao mar " O prólogo da serie, "as 7 barcas do inferno"

Uma linda manhã surgiu com as tulipas exalando um puro sabor, doce e úmido, inspirado no orvalho que levemente beijava as flores, nuvens mescladas com várias cores, pintando o céu para quem por ventura olha-se, admirado estariam.

Com os olhos cavernosos, a melanina sob a pálpebra inferior estava negra! Virou para a janela, mas não a abriu, odiava o cheiro das manhãs chutou a porta e foi alvejado pelo esplendor matinal e só uma frase foi ouvida do ser estranho, mais parecendo um grunhido.

- Céu de merda! – A reação das pessoas em volta foi de espanto, por alguma alma viva, não se sentir irradiado com este paraíso.

Mas a segunda vez que o bêbado abriu a boca, o reconheceram, não o fitaram apenas evitaram, era assim mesmo que ele queria.

- Pessoas de merda!

E seguiu para a praia com o seu punhal no bolso.

A manhã tinha algo de novo, até mesmo o ser animalesco, com uma roupa rasgada, uma calça jeans, que só poderia ser chamada de outra coisa a não ser trapo, se fosse bem analisada, uma longa barba e cabelos que passavam do pescoço, todo sujo e do liso já havia perdido tudo. Poderia sentir algo no ar como um chamado desconhecido e a fera não estava gostando disso.

- Erh! – Nem mesmo ele sabia se aquilo tinha sido uma palavra, se tentou dizer algo ou se fora uma reação de asco.

Ele estava perdendo sua humanidade entrando em frenesi, de tanto que não conversava com humanos (às vezes falava sozinho), mas eram poucas palavras e frases sem sentido. Achou isso ótimo, seria o pesadelo daquela cidade e iria levar o mal. Mas tinha que cruzar o porto como de habito.

Andava cambaleando, não só por estar sempre bêbado, suas duas patas eram ineficazes para seu fraco equilíbrio, estava curvado em uma forma animalesca! Suas unhas grandes e sujas feriam seu rosto quando se coçava.

Sua mente, em febre, muitos pensamentos brotavam, surgiu um sorriso irônico em seu rosto ao pensar na única coisa que fazia ser um homem, levariam os outros a extinção se pudesse, e ficou com nojo de se achar humano por isso.

- Humanos de merda!

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